Para que toda essa transformação digital de fato evolua não basta só uma boa banda larga e um servidor em nuvem.
Qualquer pessoa que tenha usado um fone de ouvido sem fio, óculos VR ou jogado Pokémon Go pôde vivenciar como estamos passando de um mundo dominado pela internet plana, estática e bidimensional para um mundo repleto de experiências ricas e multidimensionais, como realidade virtual e aumentada, bem como aplicações capazes de “dar vida” aos objetos pessoais e residenciais. É a tal da transformação digital que, junto com a internet das coisas (IoT) e inteligência artificial vem evoluindo há alguns anos e – infelizmente – teve seu passo acelerado, justamente por conta de uma grave pandemia. Mas, saindo dos termos mais hypados e o conceito, na prática, ainda vemos uma porcentagem muito pequena – e em ritmo questionável de avanço – no que diz respeito à estrutura de rede para suportar toda essa inovação.
Num período em que precisamos nos recolher em casa, o mercado e a indústria parecem ter “acordado” para a potência do universo gamer. Se antes esse perfil de consumidor ficava em segundo plano no ponto de contato do marketing, agora figura entre os principais desafios nos KPIs. Estudo realizado pela Newzoo em 2020 revelou que o Brasil é o 13º maior mercado de jogos eletrônicos do mundo, já a última Pesquisa Game Brasil realizada pela Go Gamers em parceria com ESPM, Blend New Research e Sioux Group aponta que 72% dos brasileiros tem costume de jogar algum jogo eletrônico, independentemente da plataforma. Isso tudo num segmento que movimenta US$ 1,5 bilhão por ano e tem estimativa, da PWC, de crescimento na casa dos 5% até 2022.
Esses números são impactantes e, muito provavelmente, você já deve ter lido em algum outro texto. Mas, o que visualizamos de bate-pronto para este recorte, já retomando o raciocínio sobre estrutura de tecnologia, é que essa audiência – que também consome todos os tipos de produtos e serviços, como qualquer outra – é ávida por velocidade, por proximidade, por intangibilidade. E quando essa soma chega no eSports cifras e exigências seguem em curva ascendente. E só para ficar claro, a discussão aqui não é sobre banda, mas sobre fluxo de troca, envio, viagem dos dados. A própria Amazon alega que a cada 100 milissegundos de latência reduz suas vendas em 1%.
Outro setor impulsionado pela pandemia é o de automação residencial, com equipamentos inteligentes como speakers, lâmpadas e câmeras, a previsão de faturamento nesse nicho está na casa de US$ 291 milhões, segundo dados do IDC Brasil, que também indica que o mercado brasileiro de casas inteligentes evolui cerca de 30% por ano.
Agora, essas experiências multidimensionais que traduzem a transformação digital no seu real conceito vão muito além dos jogos e Alexas. Por exemplo, uma cirurgia remota e robótica, que dependerá da apresentação de um feedback complexo e em tempo real ao cirurgião. Qualquer atraso nessa experiência afetará drasticamente a capacidade do cirurgião de controlar com precisão o resultado. Essas novas experiências exigirão baixa latência – menor espaço de tempo de processamento e transmissão de dados – e que é possibilitada pela computação de borda, recurso que traz esse processo para mais perto do usuário, possibilitando a execução e troca informações com a máxima capacidade, em menor tempo, o que vai permitir o uso dessas tecnologias e de todo o potencial do 5G em sua plenitude.
Para que toda essa transformação digital de fato evolua, aconteça em sua totalidade e cumpra seu propósito a evolução, ao ponto de ser escalável e fazer a diferença nas nossas vidas, não basta só uma boa banda larga e um servidor em nuvem.
Eliezer Silveira Filho – Managing Director da Roost