Oi meu nome é Marina Gabriela, mas as pessoas na minha cidade me conhecem por Gabi. Tenho 25 anos e nasci em São Miguel do Guamá-PA, Guamá é uma palavra indígena e significa rio que chove. Cresci em uma cidade pequena de poucos habitantes, meu avô foi um dos primeiros contadores da cidade, ele tinha um escritório, e foi ali o meu primeiro contato com esse mundo cheio de números.
Meus pais, trabalharam duro pra me manter em um colégio particular, onde sofri bullying por ser filha de uma costureira e um mecânico. No primeiro ano naquela escola eu era bolsista. No segundo ano, a escola não fez o concurso de bolsas, então minha mãe decidiu me tirar do colégio. O dono do colégio, que já me conhecia, pediu pra conversar com a minha mãe e decidiu me dar uma bolsa de 50% por causa das minhas boas notas, então a mamãe depois de muito conversar com o papai, decidiram fazer esse esforço e eu decidi fazer valer a pena. Aos 17 anos passei no vestibular, em três universidades públicas e em uma delas passei em primeiro lugar.
Assumi uma dupla jornada de estudos, participava de ‘’corujões’’, madrugadas a fora estudando. O dia mais feliz da minha vida foi quando eu ouvi o meu nome na rádio, “EM PRIMEIRO LUGAR LETRAS SÃO MIGUEL DO GUAMÁ MARINA GABRIELA LIMA DE OLIVEIRA”. Escolhi fazer agronomia, a grade unia os dois mundos que eu amava, dos números e da natureza. Estudei 3 anos e meio do curso, no meio do caminho o meu paizinho sofreu um acidente e por isso teve que parar de trabalhar por um tempo e minha mãe não dava conta de me sustentar sozinha, e com muita dor decidi trancar meu curso.
Voltei pra minha cidade natal, onde morava de favor na casa do meu irmão. Depois de um ano, uma conhecida que já morava em Curitiba, entrou em contato comigo e me fez uma proposta de ir para Curitiba, dizendo que tinha trabalho e que desempregada eu não ficaria, eu topei, conversei com a minha mãe, não saberíamos se daria certo, e só teríamos essa resposta se tentar. Minha mãe comprou a minha passagem só de ida, eu fui sozinha, determinada a fazer dar certo.
Faz 4 anos que moro em Curitiba e com certeza foi a melhor escolha. Não é fácil sair da sua cidade natal e ir pra uma terra totalmente desconhecida, a milhares de km, do outro lado do país.
Cheguei em Curitiba dia 7 de setembro de 2018, trabalhei em uma empresa de telemarketing, logo após, iniciei em uma empresa no ramo de estética e emagrecimento, foi onde eu mais sofri com a questão de preconceito, minha chefe me diminuía e desdenhava todos os dias. Depois iniciei em uma fábrica de uniformes como costureira, onde trabalhei com a minha mãe. Comecei a graduação em 2020 e com 1 ano de faculdade iniciei na Roost na minha área de atuação, onde estou pondo em pratica tudo o que estou aprendendo na faculdade.
Desde que entrei na Roost, tem sido a melhor experiencia que já vivenciei, a maioria das empresas onde trabalhei era obrigada a ouvir piadas sobre meu sotaque, minha cidade, minha origem, minha aparência e enfim, quase tudo sobre mim. Nunca passei por isso na Roost e isso tem sido libertador. Sinto muita gratidão por ter escolhido a empresa certa, aqui espero construir minha carreira.
Trago muito da minha cultura na forma de me expressar, puxo meu sotaque e jamais terei vergonha ou medo de mostrar e falar de onde eu vim. Sinto orgulho da minha origem, do meu sangue indígena e de tudo o que vem com ele. Vim determinada a mostrar o meu valor, sendo mulher, sendo de origem indígena e sendo do norte do Brasil.
Respostas de 4
😍😍
Shoow!
🥰🥰🥰
Parabéns Marina..ontem foi dia, dia do contador 😉